segunda-feira, 16 de maio de 2011

A Revolução que Vem do Mar

Estima-se que a população mundial salte de 6,9 bilhões para 9,3 bilhões de pessoas até 2050 e, com padrões de vida mais elevados, elas tendem a consumir mais carne e frutos do mar. Entretanto, a captura global de peixes oferecida pela Natureza está estagnada ou declinou ao longo da última década. A criação de gado, aves, suíno, entre outros animais, consome vastas áreas de terra, água potável, combustíveis fósseis que poluem o ar, e fertilizantes que escoam com as chuvas e afetam rios e oceanos.

De onde, então, virá toda a proteína necessária para alimentar essa multidão global? A resposta poderia ser de novas fazendas de piscicultura em alto-mar, desde que possam funcionar com eficiência sem provocar poluição.

Para alguns cientistas, alimentar o mundo implica transferir a produção de proteína animal para os mares. Mas se uma "revolução de alimentos azuis" pretende preencher um prato tão elogiado à mesa do jantar, é necessário que ocorra de forma ambientalmente saudável - e que seus benefícios sejam mais divulgados, tanto junto a um público cético dessas possibilidades, como a formuladores de políticas e detentores do poder de decisões.

No passado, a condenação a essa forma de piscicultra pode ter sido válida. Quando a moderna atividade costeira começou, há cerca de 30 anos, praticamente ninguém fazia as coisas corretamente, nem para o meio ambiente, nem para a sustentabilidade em longo prazo da indústria. Os resíduos de peixes eram apenas uma das questões. Criadores de camarões no Sudeste Asiático e no México desmataram florestas litorâneas de mangues para instalar lagos para suas criações de crustáceos. Nas fazendas solmoneiras da Europa e das Américas, os animais frequentemente não tinham espaço suficiente, o que favorecia a disseminação de doenças e parasitas. Às vezes, peixes que escapavam dos viveiros transmitiam suas doenças às espécies nativas.

Claramente, essas mazelas não foram favoráveis aos negócios e a indústria desenvolveu soluções inovadoras. A estratégia de inserir a fazenda em meio a correntes litorâneas rápidas, é um exemplo. Outros criadores estão começando a criar algas marinhas e animais que filtram seus alimentos, como os moluscos, perto dos viveiros de peixes, para que absorvam os resíduos. Em toda a indústria de Aquicultura, inclusive em viveiros de água doce, aperfeiçoamentos no manejo animal e nas fórmulas das rações estão reduzindo a incidência de doenças, ajudando os peixes a crescer mais rapidamente com menos farelo de peixes forrageiros em suas dietas.





Scientific American Brasil - Março 2011



Nenhum comentário:

Postar um comentário